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Após uma trilogia grandiosa como foi Senhor dos Anéis, nada menor era esperado de O Hobbit. Mesmo que o projeto tenha sido divido em três filmes, gerado críticas e deixado parte do público apreensivo, ainda é uma sensação única poder voltar a esperar um título da franquia na terra média. Foi assim por anos, mas agora é chegado o momento de dizer até mais. Nunca Adeus, já que sempre teremos os DVDs e não sabemos do futuro. Entretanto, a campanha da Warner Bros. diz uma última vez. Será mesmo? Isso apenas o tempo dirá. Entretanto, um caminho foi traçado até aqui. Passando por mudanças mesmo antes de suas gravações, a trilogia também acabou incluindo personagens que não aparecem nos livros. Explicações não existiram, mas agora elas também não adiantariam de nada. Finalmente, chegou o momento em que acontece A Batalha dos Cinco Exércitos.
Após ser expulso da montanha de Erebor, o dragão Smaug ataca com fúria a cidade dos homens que fica próxima ao local. Após muita destruição, Bard (Luke Evans) consegue derrotá-lo. Não demora muito para que a queda de Smaug se espalhe, atraindo os mais variados interessados nas riquezas que existem dentro de Erebor. Entretanto, Thorin (Richard Armitage) está disposto a tudo para impedir a entrada de elfos, anões e orcs, ainda mais por ser tomado por uma obsessão crescente pela riqueza à sua volta. Paralelamente a estes eventos, Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) e Gandalf (Ian McKellen) tentam impedir a guerra através de suas escolhas e ações.
A narrativa de A Batalha dos Cinco Exércitos começa exatamente de onde a Desolação de Smaug terminou. O dragão ataca a cidade e se tem a construção da primeira cena de ação, mostrando o desespero de alguns personagens, fugas de outros, muita correria, mas um Bard determinado em salvar o seu povo. Partindo de tal ponto, logo o título caminha também para a abordagem dentro da situação envolvendo Thorin e sua companhia de anões. As escolhas da direção ficam claras, já que a mesma vai mudando o foco de personagens para apresentar diversas perspectivas dos acontecimentos. Com o tempo, tudo vai se encaixando e apresentando ao espectador o caminho para o final. Entre os destaques, mais uma vez, está a trilha sonora sempre ditando o ritmo da produção em questão.
O desenvolvimento de personagens e a atuação do seu elenco também vão ganhando espaço com o desenvolvimento do roteiro. Tudo é resumido na grande batalha, já que personagens que apareceram anteriormente retornam para o momento em momentos diferentes, dando um aspecto de grandiosidade e união no que é mostrado. O elenco em si também desempenha muito bem os seus papéis, com uma convicção digna das adaptações de Tolkien realizadas por Peter Jackson. É um momento crucial, recheado de cenas únicas e que enchem os olhos por cada detalhe mostrado. O posicionamento de personagens também é abordado, mostrando a superação de desconfianças pela sobrevivência.
Contudo, mesmo com a presença de toda ação, o que chama mais atenção é o desenvolvimento dramático de Thorin. O personagem fica perdido pela ambição após sua conquista, sempre em busca da Pedra Arken. A doença que anteriormente causou danos aos seus antepassados, se faz presente também na situação abordada. É apenas em suas conversas com Bilbo que sua humanidade retorna em certos lances, causando assim impressões de humanidade e verdadeira amizade entre os dois. Entretanto, com o Hobbit funcionando como a voz da razão, é ele também o responsável por criar a primeira desconfiança do mesmo sob suas ações após entregar o seu “prêmio” aos “inimigos”. Logo, também por conta de situações impostas, o anão acaba passando por momentos de angústia para recuperar seu senso de responsabilidade.
A verdade é que mesmo com tantas críticas recebidas pela divisão do título, a produção de O Hobbit consegue chamar atenção para sua trama. Não é perfeito, cometendo alguns erros, mas não é bem na separação que eles acontecem. É claro, a presença de personagens que não estão no livro sempre vão incomodar os fãs da escrita de Tolkien, mas é no exagero das situações impostas em certos momentos que o maior pecado é cometido. Situações que poderiam ser evitadas, mas acabaram acontecendo pelo grande vislumbre do projeto e parecendo forçado demais até mesmo para uma ficção e por inserir alguns nomes e referências.
No mais, o filme sabe muito bem como aproveitar o crescimento do seu tom, mostrando também momentos de grande imponência em suas cenas. Lindas lutas são mostradas para personagens diversos, envolvendo desde Saruman e Elrond, até o momento em que Elfos e Anões lutam juntos contra uma grande horda de Orcs. São momentos únicos e proporcionados pelo título, que vai seguindo assim o seu caminho até o desfecho necessário. A continuação não é segredo, mas a batalha em frente de Erebor é grandiosa e recheada de momentos com belas coreografias de lutas. É claro, a vingança também se faz presente e causa emoções. Com a imposição das referências, Peter Jackson falha em tentar justificar a presença de, pelo menos, um nome não presente no livro. Um filme que comete falhas pela sua grandiosidade ou pela preocupação em citar Sauron como uma ameaça e fazer ligações com O Senhor dos Anéis, mas que também cria momentos de grande sentimento pela saudade que a terra média deixará. No fim, mesmo com modificações, O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos merece ser visto por todos aqueles que esperaram tanto tempo.