Em 2005, quando ganhei meu saudoso PlayStation 2 de presente dos meus pais, um dos primeiros jogos que fiz questão de comprar foi Final Fantasy X. Além de fã declarado da franquia, todas as inovações que víamos nas revistas da época faziam a minha expectativa crescer ainda mais. Para ajudar, alguns amigos de escola já haviam terminado o jogo e o relato era unânime: o jogo era muito bom!
E era mesmo. Foi um dos primeiros JRPGs que me dediquei à vero. Com 13 anos, já matriculado em um curso de inglês, consegui entender a história, e adorei. Logo, fiquei muito feliz quando Final Fantasy X | X-2 HD Remaster, sua remasterização, foi anunciada para PlayStation 3 e PlayStation Vita, e eu pude terminá-lo mais uma vez. Quando achei que não o jogaria mais, ele chegou para PlayStation 4 e foi uma ótima companhia quando lesionei minha mão e fiquei com o braço imobilizado (é JRPG de turno, conseguia jogar com uma mão só!). Nesse período, rolou até de platiná-lo. Meses depois, chegou para PC e agora finalmente completa a sua saga com os consoles da nova geração, sendo lançado para Nintendo Switch e Xbox One.
Bom, já deu pra ver que eu tenho uma baita de uma ligação emocional com o game. Mas minha missão aqui é ser imparcial ou, ao menos, tentar ser! Então junte-se à mim e bora pra Spyra! A review já vai começar!
O herói improvável
Final Fantasy X gira em torno de Tidus, uma estrela de um esporte chamado blitzball que vê sua cidade natal sendo destruída e acorda em uma praia quase deserta, mil anos depois. Resgatado por Wakka, ele logo conhece alguns de seus companheiros de viagem, Lulu, Kimahri e Yuna, uma summoner que tem a missão de salvar o mundo do temido Sin.
Sem entender como chegou até ali, ou o que fazer nessa cidade, Tidus sabe que precisa de respostas e parte junto com o grupo em uma peregrinação. Usando de elementos religiosos e clássicos de outros Final Fantasy, Yuna precisa visitar templos espalhados pelo mundo para encontrar os Aeons, os summons do jogo. Somente ao reunir todos, ela estará pronta para enfrentar Sin. Ao longo de uma história com duração de mais de 50 horas, os jogadores podem esperar um caminhão de emoções variadas, reviravoltas e uma narrativa forte e consistente. Ele não figura entre os Final Fantasy‘s favoritos por acaso.
Um gameplay gostoso
Final Fantasy X foi o primeiro título da franquia que ganhou dublagem nos personagens. Só isso já basta para ressaltar a sua importância, mas não é disso que os fãs mais lembram. O maior destaque do jogo foram as mudanças no gameplay, em especial, o sistema de evolução (que dispensa os tradicionais Levels) e o de batalha, que apesar de serem em turnos, trouxe dinâmicas de ataques diferentes. Tudo que foi mudado na troca de geração (PS1 para PS2) foi impactante e a versão remasterizada não mexeu em nada além de gráficos, resolução e som (aliás, que trilha sonora magnífica!).
Aliás, mexeu sim! Foi a partir dela que pudemos jogar, no ocidente, pela primeira vez, a chamada International Edition, que trouxe os Dark Aeons, o Expert Mode Sphere Grid, novas habilidades, ajustes e a adição de uma cena extra, que segue de link para Final Fantasy X-2.
Um envelhecimento ruim
Vejam só: Final Fantasy X é um dos meus jogos favoritos, mas eu não vou ser hipócrita em dizer que ele envelheceu bem. Mesmo com a versão remasterizada, os gráficos deixam a desejar se comparados ao que temos na geração atual. Na verdade, não chegam nem de perto com o que costumeiramente vimos.
Houve uma melhora? Houve, e é considerável. Mas o trabalho feito pela Square Enix, se compararmos as edições de PS3 com a da geração atual, é praticamente nulo. Algumas poucas melhorias e só. O salto de PS2 para PS3 foi muito maior. Um exemplo está disponível abaixo.
E Final Fantasy X-2?
Bom, é fato que FF X-2 é um dos jogos “esquecidos” pela comunidade e é por isso que a Square Enix tentou resgatá-lo ao lançar a coletânea. Mas, convenhamos que, ao mudar os principais elementos que haviam se destacado em X, como a evolução dos personagens (voltam os levels, e sai o Sphere Grid) e o sistema de batalha, o jogo caiu em desgosto.
As batalhas, inclusive, são uma das grandes decepções. Com o fim das batalhas de turno e a volta das Active-time battle, os jogadores poderão usar dressspheres para mudar de classe durante a batalha (e se adequar ao adversário). Seria interessante, se não demorassem algum tempo em cada troca.
Para “piorar” o serviço, os jogadores não tem mais o gigante mundo de Spyra para explorar, devendo escolher missões direto de uma nave. E não importa o quanto você evoluiu Yuna e Rikku em Final Fantasy X, elas começarão do 0 em X-2 e usando algumas magias e até armas de fogo (oi?!).
A história também, embora seja bem óbvio o que vai acontecer logo no começo do jogo, dificilmente empolga. Os momentos de fan service poderiam ser reduzidos (e olha que eu sou um!) e o o tempo de jogo é extensivamente longo para um jogo que dificilmente empolga. Mas se mesmo assim depois que tudo que eu escrevi, você ficou curioso, eu recomendo assistir as cut-scenes (já disponibilizadas pela comunidade no YouTube, inclusive) do que jogar Final Fantasy X-2, principalmente se você gostou do original.
Veredito
Ponderados todos os pontos, Final Fantasy X | X-2 HD Remaster ainda é uma excelente adição à nova geração de consoles. Embora claramente o relançamento seja voltado para jogadores mais nostálgicos, ele não deixa de ser uma opção que a nova geração tem para conhecer um dos títulos que redefiniu uma das franquias mais famosas de todos os tempos. Final Fantasy X é uma obra-prima (92 de Metacritic no lançamento original!), que merece todos os méritos. A sua continuação deixa a desejar, mas como temos que pensar no conjunto da obra, a recomendação é obrigatória.
Lançado em abril para Xbox One e Nintendo Switch, a coletânea está disponível por US$ 49,99 na Nintendo eShop e R$ 219,99 na Xbox Store. As versões que já estavam disponíveis, no entanto, têm preços mais acessíveis: para PlayStation 3, PlayStation Vita e PlayStation 4, ela sai por R$ 89,50, com cross-save (não é cross-buy!), enquanto na Steam ele custa R$ 55,99.
*Review elaborado usando a versão de Xbox One do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.
