Quando recebi o convite da PQube Games para testar Aggelos, recém lançado para PC, via Steam, aceitei o convite sem ao menos pestanejar. Até aquele momento, confesso, não conhecia o desenvolvimento deste game independente, mas um detalhe me chamou bastante atenção: o título era inspirado em Wonder Boy in Monster World.
Quem me acompanha há mais tempo sabe o quanto eu aprecio games nostálgicos e, certamente, Aggelos foi um desses. Ao longo de pouco mais de sete horas de gameplay e uma trilha sonora cativante, até mesmo a história clichê fez o game tomar um rumo diferente daquele que eu previa. Quer saber os detalhes sobre essa aventura na era dos 16 bits? Vem comigo, em mais uma review do Jornada Geek!
… onde a história é boa!
Wonder Boy, mesmo sendo uma franquia com mais de 30 anos de história, é conhecida pela sua excelente jogabilidade, desde os primeiros títulos. O remake mais recente, Wonder Boy: The Dragon’s Trap, aperfeiçoou algo que já funcionava e levou a série a um novo patamar e, claro, para novas plataformas. Mas é improvável que novos lançamentos originais da franquia cheguem ao mercado, cabendo aos fãs e desenvolvedores independentes a produção de homenagens para uma das mais mágicas franquias da história dos videogames.
Aggelos é um desses jogos. Tem inspirações em vários games de sucesso, mas nem por isso torna-se uma miscelânea de emoções. O título é bom e consegue prender o jogador do começo ao fim, com um gameplay gostoso e bastante fluído.
No papel de um jovem camponês, você salva a princesa de um ataque dos monstros e agora parte ao reino de Lumen para que ela fique em segurança. No entanto, o caminho é perigoso e você decide abriga-lá em sua pequena casa no começo da jornada. Os guardas do castelo, claro, não vão confiar em você e abrir as portas para um Zé Ninguém, então, é preciso dar a volta e usar uma passagem secreta, que só alguém da realeza saberia.
Com essa informação, você consegue chegar ao reino e a princesa é, enfim, resgatada. Mas nada disso é simples. Você é informado que um ser maléfico, Valion, está capturando o poder dos elementos e se tornando muito poderoso. De forma surpreendente, você é o escolhido para resolver essa situação.
Por mais clichê que essa história possa parecer, o game ainda reserva algumas surpresas ao jogador ao longo da jogatina. Os personagens são carismáticos e trazem aquela característica que todos adoram: nos dão dicas constantemente do que fazer para alcançar determinado objetivo.
Ainda temos algumas missões secundárias, que servem para ganharmos itens que fortalecem o personagem e facilitam a gameplay, além de golpes extras. Ao fim de tudo, mais uma surpresa, mas o sentimento de que as coisas aconteceram em seu tempo e que o jogo acertou em cheio na narrativa.
… onde a jogabilidade brilha!
Aggelos não é um jogo com gráficos realistas ou mesmo modernos. Sua aparência é de um jogo envelhecido, que poderia muito bem ter sido lançado naquela época, visto todas as características presentes nele.
A rolagem lateral da tela é a mais marcante. O estilo Metroidvania, que permite ir e voltar para uma determinada localidade a medida que você avança no jogo, torna-o ainda mais cativante, afinal, é preciso ter uma boa memória para lembrar como utilizar determinado item ou golpe após conquistá-lo.
Diferente de Wonder Boy, aqui você não vai se transformar em animais para acessar diferentes partes do game. Será sempre o jovem camponês, mas vai adquirir novos golpes e habilidades ao longo da jornada. O HUD é familiar aos fãs: corações para vida, pedras para magias, moedas de ouro para o dinheiro do game e experiência para subir de nível.
Embora o jogador conquiste bons pontos ao derrotar inimigos e farmar, a evolução é bem maior ao encontrar novas espadas e armaduras. São essas armas que vão nos permitir passar pelos templos elementais, entender o funcionamento dos golpes aprendidos e em como usar melhor cada um deles.
Mas é para todos?
Aggelos é um título excepcional, mas se você não gosta de jogos retrôs, é melhor passar longe. Isso porque algumas das suas características podem irritar jogadores mais novos, como poucos comandos disponíveis e movimentação um pouco travada do personagem (é fluído, mas estamos falando de um jogo que não utiliza mapas em 3D!).
A questão dos comandos até evolui a medida que você melhora o personagem e adquire novos golpes, mas isso pode vir um pouco mais tarde no gameplay e o título já pode ter perdido a atenção do jogador. Pode ser um problema para alguns, mas para mim, não foi. Além disso, a curva de dificuldade é interessante: no início, você vai morrer poucas vezes, mas depois, a chance de falhar é um maior. Isso não significa Game Over. Toda vez que você passa por um tipo específico de estátua, será possível salvar o progresso e, posteriormente, se teleportar para outra região. Ao morrer, você vai perder uma porcentagem da EXP ganha e retornar com todas as conquistas recentes, caso tenha se esquecido de salvar.
Veredito
Você já deve saber o que achei de Aggelos se chegou até aqui na minha análise. Foi um jogo que adorei jogar por três motivos: gostar dos games inspirados em Wonder Boy, apreciar títulos retrô e pela maravilhosa trilha sonora.
O game entrega aquilo que promete e, com isso, não podemos nos queixar de nada. É divertido e deixa um gostinho de quero mais ao terminá-lo. A falta de legendas em português brasileiro pode afastar alguns jogadores, mas é até entendível diante do tamanho da equipe de desenvolvimento.
Aggelos está disponível exclusivamente na Steam por R$ 29,99. Existe a previsão do título ser lançado para consoles ainda este ano. Não há média para o game no Metacritic.
*Cópia fornecida pela desenvolvedora.